Tendências e informações de moda. As mesmas referências e informações, interpretadas por olhares diferentes. Essa é nossa roda da moda no varejo e confecção de produtos.
De onde aparecem as tendências?
Geralmente elas surgem ou de camadas altas da sociedade, dos formadores de opinião, ou de camadas mais baixas.
Exemplos:
Os bureaux de estilo, onde pesquisadores trend hunters estudam tendencias de comportamento, meio social, economia, cultura e tudo que acontece no mundo e traçam caminhos para onde a humanidade está caminhando ou tende a caminhar.
Essas pessoas são as primeiras a detectar as tendências e a apresentá-las para estilistas e indústrias. Isso no campo da moda, porque elas também trabalham para empresas de outros segmentos. As tendências mundiais, economicas, politicas e sociais valem e são importantes para muitas áreas.
Mas a moda retira aquilo que a interessa, aquilo que seja utilizado para tornar seu consumo mais atraente.
Voltando aos exemplos, quando uma tendência vem de uma camada mais alta da sociedade, geralmente é exprimida e ditada (prefiro colocar a palavra sugerir, adere quem quiser) por formadores de opinião, estreitamente ligadas a essas trendhunters. Geralmente são as editoras de revistas de moda de NY, Paris, Japão, Itália etc.
Agora, e quando a moda vem de camadas da população? Como a vinda das ruas e camadas mais baixas e alternativas da sociedade...
Como por exemplo, a moda de camisetas e calças largas vindas dos grupos e cultura HipHop.
Essa modalidade vinda das ruas ganhou bastante destaque com os blogs.
Para as fashionistas e criadoras de moda como as tendências funcionam?
Sob influência das mesmas informações enviadas em revistas, sites, bureux de estilos, industrias e feiras têxteis de moda, que decodificam as tendências do momento, as criadoras enquadram e adaptam temas para suas coleções e interpretam de formas diferentes as mesmas tendências.
Mas pelo fato de serem informações iguais e vindas das mesmas fontes, o resultado final dos produtos acaba ficando parecido também.
Como no verão passado, onde todas as vitrines estavam romanticas com cores pastéis e cheias de babados e rendinhas!
Para quem trabalha com criação, é esperado que se tenha dominio dos acontecimentos gerais, das tendências e que seja antenada nas pesquisas de moda e comportamento.
Mas o que faz o diferencial de um bom profissional de criação, é seu sexto sentido: Um radar que detecta as tendências inconscientemente, quase como intuitivamente, até mesmo antes do tempo delas serem apresentadas.
Esse sexto sentido é mesmo uma certa intuição que o criador desenvolve, a medida que vai assimilando informações e incorporando signos e imagens.
A mente trabalha com links que vão se ligando e se abrindo a medida que as idéias vão se formando. Geralmente são pessoas sensíveis e artísticas que conseguem sentir e expressar melhor o que vêem. E graças a esse dom/habilidade desenvolvida e aguçada, a assimilação e decodificação se dá muito mais facilmente.
Tenho alguns exemplos de coincidências que acontecem quando mentes criativas vão pensando e caminhando para um mesmo ponto=mesma tendência (note que, uma tendência é muito mais que um estilo pronto e apresentado, é um contexto socioeconômico, cultural e politico que acontece a nossa volta , é uma grande vontade que grita e é captada como tendência da humanidade mundialmente: Para onde caminha o mundo?, quais são seus gostos?, O que as pessoas tem buscado?, como estão se comportando atualmente?, o que está mudando, o que era de um jeito e agora está ficando diferente?, mudanças tecnológicas estão afetando o dia-dia?, como tende a ser o mundo daqui a um tempo?, como o meio ambiente e o clima estão reagindo? etc etc.)
Vejam os exemplos de uma criadora:
Este meu modelito, para um projeto da faculdade, onde quis retratar uma ave de rapina em um banquete com a sociedade, nunca tinha visto essa imagem abaixo do Thierry Mugler e inconscientemente, destrinchando minhas referências e criando meu trabalho, acabei fazendo algo estruturalmente muito parecido com a forma de Mugler.
Não daria pra dizer que eu o copiei?!
Thierry Mugler sempre faz grandes figurinos inspirados em heroínas e formas pontiagudas. Associadas à vilões, por sua característica rasgante e forte visualmente. Este ai foi nitidamente inspirado em uma mulher-pássaro.
O resultado final da forma do figurino da Ivete, abaixo, também deve ter ficado semelhante pois quem criou deve ter pego referências de passaros e asas e penas, só deu uma colorida a mais.
Mais penas no figurino Rodarte do filme Black Swan. As cores escuras conotam o lado sombrio do cisne negro e os cinzas empoeirados, carregam informações de uma fase machucada e destruida, cinzas se reerguendo.
jio
Poses e idéias de uma mesma referência, provavelmente vintage de pinups divertidas, geraram um movimento-consequência que ficou semelhante.
Quando criei esta bolsa transparente, peguei informações de uma bolsa mais vintage, e busquei desenhar com formas que lembrassem uma pedra preciosa.
Louis Vitton também se inspirou em gemas e o resultado foi esse. Mais uma vez, eu juro que nunca tinha visto essa peça antes de criar a minha.
Os resultados da forma e correntinha, também entregam que inspirações vintages ocorreram no processo de criação.
"Great minds think alike" JÁ DIZ O PROVÉRBIO AMERICANO.
Grandes mentes pensam iguais, ou parecido.
Quando estamos compenetrados, mergulhados de cabeça num projeto, grandes idéias surgem e as vezes outras mentes estão trabalhando da mesma forma, resultando num produto semelhante, afinal a humanidade cria, procura e caminha para um mesmo ideal. Perceba as tendências e vai encontrar.
Os designers vão concordar comigo e com certeza, com vocês já aconteceu isso, até mesmo de sentirem uma certa raivinha e achar até que foram copiados.
Nossas criações não nos pertencem, nós as criamos e deixamos ir! As criamos e damos ao mundo.
Não podemos estar apegados à elas, senão novas não surgem.
Pense sempre diferente, vá além e busque a originalidade do ainda não alcançável.
Este é meu pensamento artístico do dia!
Bjoks,
Raquel